segunda-feira, 19 de maio de 2008

conversa de botas batidas

... chegamos em casa correndo, eu dirigindo, papai travando a cada movimento mal-calculado. abrimos a porta, corredor interminável, ela ainda esboça uma reação. a gente nesse ponto já se satisfaz com qualquer coisa, mas dá pra sentir que pra frente não vem mais nada. tentamos em vão chamar por ela, mas pra quê?, ela já tá longe, do jeito que ela tinha pedido.

...

de manhã a gente acorda da pseudo- noite-de-sono, pega o carro, olhos mareados e fixos no horizonte. se olhar demais é pedir pra perder a compostura. o primeiro que chega fala:
-Meus sentimentos.

depois, outros:
- Meus pêsames.

Os mais formais:
- Minhas condolências.

Os inconvenientes:
- E agora, vai morar onde?

nessa hora, abraça forte e deixa por isso mesmo. bom mesmo é ter a sorte de contar com amigos queridos nessa hora. desses que não vão falar nada, mas vão estar ali. parafraseando joão bosco: obrigado, gente!